"A guerra nasce no espírito do Homem, logo é no seu espírito que devem ser erguidas as defesas da Paz". (UNESCO)
Educar para a paz assume um caráter de urgência nesta época conturbada. Nos últimos anos, milhares de pesquisas têm sido realizadas no mundo visando a descobrir quais os verdadeiros fatores desencadeadores da agressividade, da violência e das guerras.
Existem inúmeras teses a respeito. Cada uma delas tende a imprimir uma orientação diferente no que se refere à educação para a Paz.
O presente artigo pretende tão-somente oferecer uma visão panorâmica a respeito do assunto, e também delinear um plano geral que pode servir de base para se construir um programa de educação holística para a Paz.
Este plano leva em consideração, justamente por ser holístico, as principais teses a que nos referimos.
Neste fim de século, o anseio pela Paz assume um caráter essencial de salvação da vida no nosso planeta. Pelas suas características tecnológicas, as guerras modernas afetam e atingem, de uma maneira ou outra, a Humanidade toda, mesmo quando localizadas numa região só [...]
Por isso a educação pela Paz e da Paz se torna vital. No entanto, é importante definir o que é Paz.
Existem vários conceitos expressos ou subjacentes. A Paz vista como um fenômeno externo ao homem é um fenômeno social, sócio-econômico ou político.
Várias ênfases lhe têm sido dadas: a Paz como ausência de conflitos, de violência e de guerras civis ou internacionais, é o que poderíamos chamar de Ecologia Social; a Paz como harmonia e confraternização entre povos e homens, ou mesmo com o meio ambiente, permite falar-se em Ecologia da Natureza – ou planetária.
No caso de Paz vista como um estado interior, há corrente de pensamento que a vêem como sendo simplesmente a ausência de conflito intrapsíquico. Outras enfatizam a harmonia interior, o reencontro com a própria essência, além da dualidade sujeito-objeto, em estado transpessoal, dissolvidas todas as máscaras. É o que se pode chamar de Ecologia Interior.
Importante, também, definir o que é Educação. Dois conceitos dominam este campo. O primeiro considera a Educação como uma mera transmissão intelectual e mnemônica de dados, visando ao conhecimento ou a firmar opiniões.
O segundo enfatiza a adoção (no caso de crianças) ou a modificação (no caso de adultos) de posturas, atitudes ou comportamentos nos planos físicos, emocional, mental e espiritual – isto é, abrangendo a personalidade no seu todo em ação e reação com o meio ambiente e o Universo.
Este segundo conceito é o de uma educação holística.
Destes conceitos – tanto o de Paz como o de educação – decorrem as diversas abordagens da Educação para a Paz.
Em uma primeira abordagem – a Educação vista como transmissão de conhecimentos ou de opiniões sobre a paz -, os projetos se encontram no ensino primário, secundário e superior, havendo várias organizações internacionais ou nacionais em prol da Paz que promovem programas nesse sentido, versando em geral sobre os seguintes tópicos: compreensão e convivência internacional; Direito Internacional; Direito do Homem; Organização das Nações Unidas, UNESCO, UNICEF, OMS, BIT e Organizações pela Paz; ecologia mundial; fatores sociais, culturais e econômicos; conflito e cooperação.
Com a vantagem da fácil aplicação e rápida extensão, os processos de ensino apresentam o inconveniente de se limitarem ao conhecimento e às opiniões, dificilmente atingindo as atitudes interiores e o comportamento afetivo; pode-se perfeitamente assimilar um curso sobre a Paz e continuar violento no comportamento.
A Educação Holística parte do preâmbulo do documento da criação da UNESCO: “A guerra nasce no espírito do Homem, logo é no seu espírito que devem ser erguidas as defesas da Paz”.
São muitos os exemplos dessas defesas: no plano físico, relaxamento, dança meditativa; no plano emocional, psicoterapias convencionais e individuais ou de grupo, correspondência e intercâmbio internacional; no plano intelectual, o ensino acima relatado, com métodos ativos; no plano espiritual, Yoga, Tai-chi-chuan, AI-Ki-Do.
Um dos desafios do século é estender tal programa aos cinco bilhões de pessoas do mundo. Sem isto, depois do desarmamento geral os homens lutarão com porretes e pontapés...
(*) O Escritor e educador Pierre Weil é presidente da Fundação Cidade da Paz e Universidade Holística Internacional de Brasília.
(artigo publicado na Seção "Última Palavra" da Revista Ano Zero, No. , 9, pg. 82)
Fonte: http://novaconsciencia.multiply.com/journal/item/313
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